terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Resgate do Galloper

04:50h toca o celular, era o Marquinhos chamando. A essa hora, não há como coordenar bem as palavras e acabamos por nos comunicar por grunhidos, feito homens das cavernas.



- Coé!



- Hã?!



- Bora!



- Hãhã!



Como eu estava sem carro, o Antonio nos deu carona. No sábado fui ao casamento do meu cunhado Márcio com a Caroline, o casamento foi celebrado em Niterói, em frente à praia de Charitas e, por estarmos muito atrasados, tive de ir de carro com minha esposa Fernanda, sua irmã Flávia e uma amiga de Fortaleza, a Aninha.



A festa rolou até tarde e como bebi algumas cervejas, prudentemente resolvi voltar numa van com os meus sogros Thaís e Luiz Marcos Guimarães e estacionei o meu carro, galloper, na orla de Charitas, com a promessa de buscá-lo na segunda feira, usando o caiaque como um meio de transporte para me levar da Urca à Niterói, gerando olhares de desconfiança em alguns convidados da festa.



Após aprontarmos dois caiaques, às 06:30h estávamos na água, desfalcados de nosso amigo Pedro Sá, ficando então Lariana Orlandi e Antonio Magnago no caiaque Ratier e Marcos Klippel e eu, Bruno Fitaroni, no de nome Drago.



Quando falei pro pessoal do treino que teria de ir buscar o carro, todos quiseram me ajudar e rumamos para Niterói com um vento lateral bem forte (NNE) o que dificultou o nosso avanço e serviu para curar a rebordosa da turma do caiaque Ratier, que na véspera havia esvaziado algumas garrafas.



Durante o trajeto de aproximadamente oito quilômetros, fizemos três paradas. A primeira no Forte da Lage (ou Tamandaré da Laje) onde encontramos o Iuri em sua canoa; outra numa prainha próximo à Jurujuba para esvaziar meu tanque de lastro pessoal, a bexiga e, por final, esperamos em frente à estação das barcas em Charitas para atravessarmos com mais segurança, mas resolvemos passar por baixo da passarela que faz a ligação entre o catamarã e a estação evitando assim cruzar o caminho dessas velozes embarcações.





Estação das barcas de Charitas –(Foto de arquivo)



Na passarela, enquanto aguardavam a atracagem do barco, as pessoas concentradas em seus afazeres, iniciando mais uma jornada de trabalho, por alguns minutos, enquanto nos observavam, olharam em volta e perceberam a beleza que há naquele lugar que, por fazer parte de uma rotina muitas vezes estressante, não se dá o devido valor. Avistando dois caiaques passando sob seus pés, desejaram por alguns instantes, trocar de lugar conosco e entrar no mar. Torço para que venham, serão muito bem-vindos.



Logo em seguida, avistamos o pessoal do Mauna Loa Niterói Wa’a, que guardava sua canoa polinésia no cavalete da praia. Na água, já havíamos nos cumprimentado rapidamente e agora, após eles chegarem a terra, cordialmente acenaram nos saudando, mantendo vivo o companheirismo e amizade entre os que são do mar. Bacana esse pessoal!



Devido a fatores etílicos, não estava conseguindo lembrar exatamente onde deixei o carro e fazendo uma breve varredura da praia, por sorte, logo encontramos o Galloper. Desembarcamos, procuramos sem sucesso um lugar para beber café e ficamos na areia, jogando conversa fora.



Por volta das 08:45h os dois caiaques, Drago e Ratier, saíram para o mar, de volta ao Rio, novamente passando sob a passarela da estação das barcas. O vento agora estava a favor e facilitaria o regresso do pessoal, em especial, do Marquinhos que remaria no caiaque duplo sozinho. Não é agradável ver a turma partindo para o mar enquanto eu fico em terra, mas enquanto foi possível, acompanhei com os olhos meus amigos cada vez mais distantes no mar.


Canal de apenas 1700m que separa o Rio de Niterói.(Foto de arquivo)



Peguei o carro e, no pesado trânsito de segunda feira da ponte Rio – Niterói, enquanto os motoristas impacientes e estressados, a bordo de suas máquinas furiosas, brigavam por míseros metros de asfalto para pararem novamente em seguida, ficava olhando para o mar e pensando naquelas duas caixas de fósforos amarelas, navegando elegantemente em direção ao Rio e que já deviam estar bem mais próximas do destino do que eu.



Levei cerca de uma hora e vinte minutos, para fazer o percurso de carro até o Leme, onde moramos, e a turma fez este trajeto de caiaque até a Urca em aproximadamente quarenta e cinco minutos.



Mais uma bela remada numa nada típica manhã de segunda feira e com a comprovação de que ao invés de se usar o carro, a travessia entre Rio e Niterói pode ser muito mais eficiente e prazerosa se feita de caiaque, principalmente em companhia dos amigos.





Boas remadas,



Bruno Fitaroni.



Um comentário:

  1. Deixei meu carro ali em Maricás! Vamos buscar? :) Podemos aproveitar e revisitar a ilha!
    Bom relato Bruno, garoto esperto que voltou de van! Sorte que no mar não tem bafômetro!

    ResponderExcluir